Por Renata Morato
Serviço: Netflix (2 temporadas, drama, comédia, brasileiro, 13 episódios cada um com cerca de 50 minutos cada um)
Devo confessar que sempre tive aquele meu preconceito báááásico com dramaturgias criadas por brasileiros, é claro com as exceções de "O Alto da Compadecida", "Lisbela e o Prisioneiro", Mini séries como Darcy, Elis Regina, Dalva e Herivelton, entre outros mais famosos, até mesmo os "Tropa de Elite". Então, com todo o meu pré-conceito, assisti à série "Coisa mais Linda".
Que show! Que espetáculo! Maravilhoso...Bravo! Bravo! Quem nunca pensou que uma mulher poderia ser estuprada pelo próprio marido (porque a gente já sabe que a pancadaria rola...)?! Quem já ouviu de leve aquelas histórias dos homens que somem do nada e abandonam suas esposas com os filhos?¹ Ou então aquelas em que a mulher tem que se desdobrar em mil para agradar seu homem (ou um homem), cozinhar, cuidar da casa, do filho, trabalhar para manter um prato de comida na mesa?! E aquela, a mais famosa de todas.... se o casamento não deu certo, é porque com certeza a mulher tem culpa no cartório... foi o homem quem traiu, mas ela é a culpada! Foi o homem quem fugiu, mas foi ela quem não soube segurar..
Essa série explora o universo feminino em todos os ângulos e cores, em um contexto artístico... O magnífico dessa série é exatamente a dinâmica das personagens, a dificuldade que a mulher enfrentava nos anos 60 e ainda assim, com toda sua história, as "voltas por cima" e os pioneirismos que essas criativas mulheres enfrentaram, e ouso dizer que ainda enfrentam.
A conquista deste espaço, dentro da série é bem nítido. Um papel diário e cotidiano... Começa pelo enfrentamento dos tabus societários, desigualdade social e racial, os moldes de estética e comportamento que devem se adequar, dos papéis que as mulheres deveriam enfrentar e principalmente, daquele pequeno detalhe que é conhecido por todos, o quão forte uma mulher é para conquistar tudo aquilo que sonha.
Inclusive, um dos destaques que esta série tem, que nada tem a ver com gênero, credo, raça, cor e opção sexual é sobre os sonhos, sonhos esses que deveriam nos permitir colocar no lugar do próximo, sonhos esses que nos fazem chegar naquele grande interesse de fazer a diferença, deixar nossa marca, dar voz ao nosso eu, e enaltecer o que temos de melhor a oferecer ao mundo... "Se os nossos sonhos não assustam a gente, é porque eles não são grandes o suficiente...".
Renata Morato, Impactada em busca do sonho grande o suficiente e que seja assustador!