Por que ver Os Últimos Czares


Fernando Santos

Serviço: Netflix, 2019, série com seis episódios (50 min cada), história real, drama.

Em tempos de protestos, lutas contra governos autoritários, justiça social e melhorias de condições de trabalho, a série “Os Últimos Czares” poderia retratar um regime atual, e não a última monarquia da Rússia encerrada no início do século 20.

É a história da Revolução Russa vista de dentro do palácio real de Nicolau II, um ditador que se assemelha a muitos tiranos disfarçados de democratas nos dias atuais.

Assim como outras séries históricas da Netflix, que misturam reconstituição de época com documentário, esta tem a vantagem de utilizar imagens reais. Se você está impressionado com movimentos atuais que levam centenas de pessoas às ruas, precisa entender como a Rússia mobilizou, há mais de cem anos, milhares e até milhões em protestos contra o reinado do “Imperador Sanguinário”.

O melhor desta série são realmente as poderosas imagens que mostram os enormes movimentos sociais que culminaram com a revolução liderada por Lenin, entre outros figurões criadores do socialismo e retratados como coadjuvantes no enredo palaciano. Mais impressionante ainda são as cenas reais da repressão do governo ditatorial que levou a milhares de mortos em protestos por toda a Rússia.

Apesar de tirano, Nicky, como o imperador é chamado intimamente na série, acaba retratado como um banana. A série mostra também a influência do misterioso Rasputin sobre a família real e como quase se tornou o verdadeiro dono do império russo.

E se é para chocar, o capítulo final condensa todo o drama acumulado durante o seriado até a violenta cena que encerrou definitivamente a dinastia Romanov.

Para quem gosta de história e para conhecer um outro lado da revolução comunista. Certamente não merecerá citações em twitter presidencial nos dias de hoje (veja aqui o trailer).

Fernando Santos é jornalista e conhece colegas que se deram muito bem na Rússia, mudaram-se para lá, casaram-se e vivem felizes.