Serviço: Netflix (1 temporada em quatro episódios com cerca de 55 minutos cada)
Entrar em universos proibidos ou limitados ao grande público
é sempre fascinante. Seja ele da máfia (Família Soprano), da política (House of
Cards) ou da religião.
No caso dessa minissérie alemã, filmada na Alemanha e falada em inglês alemão e ídishe, não é
diferente. E assim como nas outras duas, a verossimilhança é possível através
de pessoas que estiveram intimamente dentro desses mundos.
No caso de Nada Ortodoxa não é diferente. A série é baseada
no livro e vida da escritora Deborah Feldman. Ela nasceu judia hassídica em
Nova York. Significa que ela viveu em uma ilha seca, onde tirando os homens, só
se pode viver dentro daquele universo. Mas como isso é possível? A pessoa pode
ir muito além, é só ela tentar ir para outro bairro, falar com outras pessoas.
E sem falar na internet hoje em dia, é muito fácil sair dessa vida, você deve
estar pensando.
No universo dessa colônia judaica bem religiosa, o acesso ao
computador não existe. Muito menos aos celulares como os nossos. No máximo
aquele que só tinha como finalidade telefonar. A série deixa isso claro.
O interessante ainda é nada menos do que judaico que a
crítica sobre os hassídicos saia justamente de uma fala de uma judia israelense
(só lembrando que nem todo israelense é judeu).
Deborah também passa uma impressão que não quer demonizar os
religiosos. Você até pode entender dessa forma, mas ela deixa claro o quanto
ela sofreu por ter nascido diferente. Diferente daquele universo. Mas que os
dramas familiares e pessoais não são tão diferentes assim das famílias não ortodoxas
(mãe e pai ausentes, modelos ditatoriais, sexismo, machismo, vício em jogos...)
Dá para maratonar em um dia. Ou no máximo dois (e ainda ver o programa sobre os bastidores da minissérie também na Netflix, claro).